A virgindade perpétua de Maria na Bíblia

Os católicos professamos que a Santíssima Virgem Maria foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto. Cremos que ela teve apenas um filho, Jesus, que foi concebido por obra e graça do Espírito Santo.

Ao contrário de nós, católicos, e dos ortodoxos, o protestantismo discorda deste dogma de fé e acredita que Maria teve pelo menos sete filhos, argumentando basear-se nas Escrituras. No presente capítulo, faz-se um resumo, com a respetiva refutação, dos argumentos bíblicos que os protestantes costumam utilizar para tentar justificar a sua opinião.

Argumento 1: A Bíblia fala dos irmãos de Jesus

Devido ao facto de a Bíblia falar dos irmãos de Jesus, os protestantes interpretam que estes são filhos de Maria. Vejamos as passagens em questão:

“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama a sua mãe Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13,55)

“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não estão aqui entre nós as suas irmãs?” E escandalizavam-se por causa dele.” (Marcos 6,3)

“Chegam sua mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandam chamá-lo.” (Marcos 3,31)

“Todos eles perseveravam em oração, com um só espírito, na companhia de algumas mulheres, de Maria, a mãe de Jesus, e dos seus irmãos.” (Atos 1,14)

No entanto, uma análise cuidadosa desses textos revela que a questão não é tão simples. Isto porque, ao longo de toda a Escritura, é frequente encontrar que a palavra “irmão” é utilizada em pelo menos quatro contextos:

Primeiro Contexto: Para denotar irmãos de sangue (filhos da mesma mãe ou do mesmo pai).

“O homem conheceu Eva, sua mulher, a qual concebeu e deu à luz Caim, e disse: ‘Adquiri um varão com o favor de Yahveh.’ Tornou a dar à luz, e teve Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas e Caim, lavrador.” (Gênesis 4,1-2)

No exemplo anterior, Caim é identificado como irmão de Abel porque ambos são filhos de Adão e Eva.

Segundo Contexto: Para denotar familiares ou parentes

“Abrão disse a Ló: ‘Por favor, que não haja disputa entre mim e ti, nem entre os meus pastores e os teus pastores, pois somos irmãos.’” (Gênesis 13,8)

Aqui vemos Abraão chamando Ló de irmão, quando na verdade Abraão é seu tio:

“Eis a descendência de Terá: Terá gerou Abrão, Naor e Harã. Harã gerou Ló.” (Gênesis 11,27)

Em outra passagem, vemos como a mãe e o irmão de Rebeca a chamam de irmã (o que é uma forma de dizer “parente”):

“O irmão e a mãe de Rebeca disseram: ‘Que a jovem fique conosco mais alguns dias, pelo menos dez; depois, poderá partir.’ Mas ele lhes disse: ‘Não me detenhais, visto que Yahveh fez próspero o meu caminho; deixai-me partir para que eu volte ao meu senhor.’ Disseram: ‘Chamemos a jovem e perguntemos o que ela pensa.’ Chamaram, pois, Rebeca e lhe disseram: ‘Vais tu com este homem?’ ‘Vou’, respondeu ela. Então despediram Rebeca, sua irmã, e a sua ama, e o servo de Abraão e os seus homens. E abençoaram Rebeca e disseram-lhe: ‘Ó nossa irmã, que venhas a ser mãe de milhares e dezenas de milhares, e que a tua descendência possua a porta dos seus inimigos!’” (Gênesis 24,55-60)

No Novo Testamento, Filipe é chamado de irmão de Herodes, mas, na verdade, é seu meio-irmão:

“No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes tetrarca da Galileia; Filipe, seu irmão, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilene.” (Lucas 3,1)

Filipe era filho de Herodes, o Grande, e de Cleópatra de Jerusalém, enquanto Herodes era filho de Herodes, o Grande, e de Maltace (sua quarta esposa). Embora a Bíblia não detalhe sua genealogia e se limite a chamá-lo de irmão, sabe-se que não são filhos da mesma mãe, graças aos escritos detalhados do historiador judeu Flávio Josefo.

O mesmo acontece com Labão, que chama Jacó de irmão, apesar de ser seu tio. (Gênesis 29,15)

Terceiro Contexto: Para denotar membros do mesmo povo

“Naqueles dias, quando Moisés já era adulto, foi visitar os seus irmãos, e observou os seus penosos trabalhos; viu também como um egípcio golpeava um hebreu, um dos seus irmãos.” (Êxodo 2,11)

Neste texto, narra-se como Moisés viu que estavam a golpear um hebreu, e por ser do mesmo povo, ele o identifica como um dos seus irmãos.

Quarto Contexto: Para denotar irmãos espirituais

“Ele lhes responde: «Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?» E, olhando em volta para os que estavam sentados em círculo, ao seu redor, diz: «Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».” (Marcos 3,33-35)

Neste texto, contrapõe-se o parentesco carnal ao parentesco espiritual. O trecho diz, em poucas palavras, que a família de Jesus é quem faz a vontade de Deus.

Outra evidência de que a palavra “irmãos” por si só não implica filhos de uma mesma mãe, encontra-se em vários trechos do Antigo Testamento:

“Não descobrirás a nudez da tua irmã, filha do teu pai ou filha da tua mãe, nascida em casa ou fora dela.” (Levítico 18,9)

Se alguém tomar por esposa a sua irmã, filha do seu pai ou filha da sua mãe, vendo assim a nudez dela e ela a nudez dele, é uma ignomínia…” (Levítico 20,17)

“Maldito aquele que se deitar com a sua irmã, filha do seu pai ou filha da sua mãe. E todo o povo dirá: Amém.” (Deuteronómio 27,22)

Aqui observa-se como na Escritura, ser chamado irmão de alguém não implica necessariamente ser filho dos mesmos pais, e é por isso que se deve especificar: “filha de sua mãe” ou “filha de seu pai”.

Esta diversidade no uso da palavra “irmão” deve-se ao fato de que, em aramaico (que era a língua de Jesus e dos seus discípulos), era comum utilizar a palavra “aja” = irmão, para se referir a parentes próximos. E, embora em grego (a língua em que se encontram os escritos do Novo Testamento) exista um equivalente para primo: “anepsios”, mesmo assim, a palavra “adelphos” (irmão em grego) é frequentemente utilizada com um significado mais amplo do que o de irmão carnal, devido à forte influência da língua aramaica e do hebraico nas Escrituras.

Por outro lado, não se pode ignorar a importantíssima tradução grega da Bíblia, chamada “dos Setenta” ou “Septuaginta” (LXX). Esta versão do século II a.C., cuidadosamente elaborada e utilizada pela diáspora judaica helenizada, desenvolve um grego com um forte componente hebraico. E nela, a palavra “anepsios” (primo ou parente em grego) é utilizada raramente (apenas duas vezes: Números 36,11 e Tobias 7,2), em favor de “adelphos” (irmão).

Os tradutores da Septuaginta não hesitaram em traduzir “aja” (hebraico) como “adelphos” (grego), mesmo nos casos em que o parentesco não era de irmãos filhos do mesmo pai ou da mesma mãe.

O grego do Novo Testamento esforça-se por não se afastar nem um ápice da versão dos Setenta, por ser esta amplamente lida e até mesmo considerada milagrosa e inspirada. Algo que teve grande peso para Lucas, um helenista rigoroso.

Se os irmãos de Jesus não eram necessariamente filhos de Maria e poderiam ter sido parentes, cabe então perguntar de quem eram filhos.

Como vimos, segundo Mateus 13,55 e Marcos 6,3, os irmãos de Jesus são Tiago, José, Judas e Simão.

Se começarmos a estudar as menções a Tiago feitas nas Escrituras (chamado Jacó em algumas traduções), veremos que é muito provável que este Tiago, chamado “irmão do Senhor”, fosse um dos Apóstolos. Isso é sugerido por São Paulo na carta aos Gálatas.

“E não vi nenhum outro Apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor.” (Gálatas 1,19)

Outra evidência de que ele era um dos Apóstolos é que ele é considerado uma das colunas da Igreja, juntamente com Pedro e João, algo que teria sido difícil se ele não fosse um dos Apóstolos:

“E reconhecendo a graça que me havia sido concedida, Tiago, Cefas e João, que eram considerados como colunas, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão: nós iríamos aos gentios e eles aos circuncisos.” (Gálatas 2,9)

E dos Apóstolos chamados Tiago (que são dois), nenhum é filho de José, o carpinteiro, já que um é filho de Alfeu e o outro de Zebedeu:

“Os nomes dos doze Apóstolos são estes: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu.” (Mateus 10,2-3)

Um argumento que frequentemente ouço por parte dos protestantes consiste em alegar que Paulo teria chamado de Apóstolos outros homens que não pertenciam ao grupo dos doze, portanto, é possível que o irmão de Jesus fosse outro Tiago que também poderia ter sido chamado de Apóstolo por Paulo. Citam como exemplo o caso de Andrônico e Júnia, também chamados de Apóstolos:

“Saudai Andrônico e Júnia, meus parentes e companheiros de prisão, ilustres entre os Apóstolos, que chegaram a Cristo antes de mim.” (Romanos 15,7)

Esta hipótese, embora viável, é duvidosa neste contexto. Quando Paulo se refere a Tiago como Apóstolo, ele está narrando o início de seu ministério, quando foi conhecer Pedro, e nos diz que do resto dos “Apóstolos” (os 12) apenas conheceu Tiago. O contexto também torna isso provável, já que Paulo está falando dos Apóstolos “anteriores a ele”:

“Mas, quando Aquele que me separou desde o ventre de minha mãe e me chamou pela sua graça, se agradou em revelar em mim o seu Filho, para que o anunciasse entre os gentios, sem consultar carne e sangue, sem subir a Jerusalém para ver os Apóstolos anteriores a mim, fui para a Arábia, de onde novamente voltei a Damasco. Depois, passados três anos, subi a Jerusalém para conhecer Cefas e permaneci quinze dias em sua companhia. E não vi nenhum outro Apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor.” (Gálatas 1,15-19)

Quando Paulo menciona que viu Tiago, não poderia estar se referindo ao filho de Zebedeu e irmão de João, pois este foi martirizado por volta do ano 44 d.C., como é narrado no livro dos Atos:

“Por aquele tempo, o rei Herodes lançou mão sobre alguns da Igreja para maltratá-los. E matou Tiago, irmão de João, pela espada.” (Atos 12,1-2)

Portanto, resta-nos Tiago, o Menor, que é filho de Alfeu. A esse respeito, muitos estudiosos pensam que seu pai, Alfeu, é o mesmo Cleofas, como argumenta o Padre Daniel Gagnon:

“Tiago é chamado filho de Alfeu em Mateus 10,3, o que parece indicar que ou ele é outro Tiago, ou que Maria era esposa de Cleofas (CLOPAS em grego) e de Alfeu. Mas trata-se da mesma pessoa, porque o nome Alfeu em aramaico é traduzido como Cleopas (Cleofas) em grego, assim como Saulo em hebraico é o mesmo que Apóstolo Paulo em grego. Outros exemplos: Mateus-Levi, Tadeu-Judas.”

Isso é bastante lógico, já que, das mulheres que estavam ao pé da cruz, a mãe de Tiago, o Menor, é outra Maria, esposa de Cleofas (Alfeu):

“Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.” (Mateus 27,56)

“Junto à cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleofas, e Maria Madalena.” (João 19,25)

“Havia também algumas mulheres observando de longe, entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé.” (Marcos 15,40)

Destes três trechos, embora em Evangelhos diferentes, descrevem-se de maneira precisa as mulheres que estavam ao pé da cruz:

1) Maria Madalena

2) Maria, mãe de Tiago e de José e esposa de Cleofas (Alfeu)

3) Salomé, irmã da mãe de Jesus e mãe dos filhos de Zebedeu.

Devemos esclarecer primeiro que, aqui, a mãe de Tiago e José chamada Maria, não é a mãe de Jesus, pois ela não vai ao sepulcro, enquanto esta Maria, sim, vai:

“Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamá-lo.” (Marcos 16,1)

Notemos, então, que esta Maria, que é mãe de Tiago, também é chamada mãe de José (que também é chamado de irmão de Jesus em Mateus 13,55).

Em qualquer caso, se Alfeu não fosse a mesma pessoa que Cleofas, isso significaria apenas que há três pessoas chamadas Tiago: o filho de Alfeu, o filho de Zebedeu e o filho de Cleofas. No entanto, em qualquer caso, observe-se que nenhum deles é filho de Maria, a mãe de Jesus, que não foi esposa de Alfeu nem de Cleofas.

Pela frequência dos nomes naquela época, poderia ser objetado que é possível que Tiago e José, mencionados como irmãos de Jesus em Mateus 13,55 e Marcos 6,3, não sejam os mesmos Tiago e José filhos de Maria, a mulher de Cleofas (Alfeu). Mas isso não seria apenas muito coincidência, como também não corresponderia à forma como os evangelistas narram os fatos. Eles são muito cuidadosos ao identificar a quem se referem, e por isso apresentam Tiago e José como irmãos de Jesus em Mateus 13,55 e Marcos 6,3, e depois nos apresentam Maria, mulher de Cleofas, como mãe deles. Em poucas palavras, identificam-nos primeiro e depois partem dessa referência para identificar Maria, a mulher de Cleofas, como sua mãe. Não seria lógico que, depois de identificar esses homens, identificassem Maria como mãe de outros Tiago e José, também irmãos, que não foram mencionados anteriormente.

Como se não bastasse, encontramos que Judas, também chamado “irmão de Jesus” em Mateus 13,55, se declara irmão de Tiago em Judas 1,1:

Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados em Deus Pai e guardados para Jesus Cristo.”

Além disso, também há evidências que apontam que Maria não teve outros filhos além de Jesus.

Jesus é chamado na Bíblia de “o filho de Maria”

“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não estão suas irmãs aqui entre nós?” E escandalizavam-se por causa dele.” (Marcos 6,3)

O fato de que Jesus é chamado no singular “o filho de Maria”, e não “um dos filhos de Maria”, é indicativo de que ele é seu único filho. Também é importante notar que diz que Jesus é filho de Maria e, além disso, diz que ele é irmão de Tiago, Simão, Judas e José. Nunca diz que Maria é mãe de Tiago, José, Judas e Simão.

Os chamados irmãos de Jesus, segundo a Bíblia, parecem ser mais velhos que Ele

Outro aspecto que chama a atenção no Evangelho é que os irmãos de Jesus aparecem sempre como sendo mais velhos que Ele, pois se permitem dar-lhe conselhos e repreendê-lo:

“E seus irmãos lhe disseram: «Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.»” (João 7,3)

“Quando seus parentes souberam disso, saíram para retê-lo, pois diziam: «Ele está fora de si.»” (Marcos 3,21)

Se Jesus era o primogênito, isso teria ido contra a tradição judaica e oriental. Somente os irmãos mais velhos tinham permissão para tutelar sobre o restante da família, mas não o contrário. O mais velho aconselhava e mandava no mais novo.

Argumento 2: Jesus é chamado de primogênito, portanto, houve mais filhos

Os protestantes argumentam que o fato de Jesus ser chamado de primogênito implica que posteriormente nasceram outros filhos. Aqueles que utilizam este argumento afirmam que, se Jesus fosse o único filho de Maria, ele seria chamado de unigênito em vez de primogênito, assim como Jesus, sendo o único filho do Pai, é chamado de unigênito em passagens como João 1,14; 1,18; 3,16; 3,18 e 1 João 4,9.

“E deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lucas 2,7)

No texto anterior, Jesus é chamado de primogênito de Maria, mas no seguinte, ele é chamado de unigênito do Pai:

“Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16)

Ante todo, é importante esclarecer que o significado de “primogênito” é “primeiro nascido” e não implica a existência de outros filhos. Quando uma mulher tem o seu primeiro filho, este é o seu primogênito e o seu unigênito ao mesmo tempo. Quando se deseja enfatizar que essa mulher só teve um filho, geralmente se utiliza a palavra “unigênito”, mas quando se deseja enfatizar que é o primeiro nascido, utiliza-se a palavra “primogênito”. Em Zacarias, podemos ver como Cristo (mencionado profeticamente) é chamado de primogênito e unigênito ao mesmo tempo:

“Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de súplica; e olharão para mim. Em relação àquele a quem traspassaram, farão lamentação por ele como por um filho único, e chorarão amargamente por ele como se chora amargamente por um primogênito.” (Zacarias 12,10)

Por outro lado, o próprio Cristo é chamado Primogênito do Pai, apesar de ser também o seu filho único.

“E novamente, ao introduzir o seu Primogênito no mundo, diz: ‘E todos os anjos de Deus o adorem.’” (Hebreus 1,6)

Observe como Jesus é chamado primogênito não apenas de Maria, mas também de Deus Pai, não pela existência de outros filhos, mas porque essa palavra também é utilizada para denotar preeminência. Assim, um filho primogênito é um “filho consagrado”, “filho predileto”, “receptor das bênçãos da primogenitura”. Vejamos os seguintes trechos que comprovam isso:

“Ele me invocará: ‘Tu és meu Pai, meu Deus, a rocha da minha salvação!’ E eu farei dele o primogênito, o Altíssimo entre os reis da terra.” (Salmo 89,27-28)

O Salmo 89 diz que o Rei Davi é chamado de primogênito por Deus (ele é o último de oito filhos e não é o primeiro rei da terra, mas é o rei predileto de Yahveh).

No livro do Gênesis, é narrado que Jacó recebeu as bênçãos da primogenitura, apesar de ter nascido depois de Esaú:

“Disse Jacó: «Vende-me agora mesmo a tua primogenitura.» Disse Esaú: «Estou a ponto de morrer. O que me importa a primogenitura?»” (Gênesis 25,31-32)

Efraim é chamado de “primogênito” em Jeremias 31,9, sendo o segundo filho de José em Gênesis 41,52:

“Vêm com lágrimas e súplicas, e eu os levo de volta; conduzo-os a riachos de água por um caminho plano, onde não tropeçam. Porque eu sou para Israel um pai, e Efraim é o meu primogênito.” (Jeremias 31,9)

“E ao segundo chamou Efraim, porque, dizia, «Deus me fez próspero na terra da minha aflição».” (Gênesis 41,52)

Jesus é o primogênito dos mortos, mas não o primeiro a morrer. Ele ocupa um lugar especial por ser o testemunho fiel até a morte:

“e da parte de Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogênito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. A Ele que nos ama e nos lavou dos nossos pecados com o seu sangue.” (Apocalipse 1,5)

Israel é chamado de povo primogênito por Deus (Êxodo 4,22), mas não é o primeiro povo da terra e, sim, o povo consagrado por Ele.

“E dirás ao Faraó: Assim diz Yahveh: Israel é meu filho, meu primogênito.” (Êxodo 4,22)

Jesus é chamado de primogênito de Maria porque, de acordo com as leis religiosas dos judeus, Ele tinha que ser consagrado:

“«Consagra-me todo primogênito, tudo o que abre o ventre materno entre os israelitas. Seja homem ou animal, meus são todos.»” (Êxodo 13,2)

Na verdade, aos judeus não importava saber se teriam outro filho ou não; o que lhes importava era cumprir a lei do culto que estabelecia que todo varão primogênito seria consagrado a Deus. Por isso, ao seu primeiro filho chamavam de primogênito, mesmo sem saber se teriam mais filhos depois.

Estudemos agora o último argumento utilizado para afirmar que a Virgem Maria teve mais filhos:

Argumento 3: A Bíblia diz que José conheceu Maria, portanto, tiveram relações sexuais.

Aqui, citam Mateus 1,25:

“E não a conheceu até que deu à luz um filho, e pôs-lhe o nome de Jesus.” (Mateus 1,25)

Com esse texto, os protestantes entendem que, embora José não tenha “conhecido” Maria até o nascimento de Jesus, depois disso o fez, assumindo que “conhecer” significa ter relações sexuais.

Que a palavra “conhecer” no contexto mencionado se refere a relações sexuais é algo que não se discute. Os protestantes costumam insistir muito em provar esse ponto, como se alguém razoavelmente sensato o negasse. O certo é que esse texto pode ser utilizado para provar que Jesus nasceu sem intervenção de José, mas não para provar que, após o nascimento de Jesus, ele “a conheceu”.

O texto grego utiliza aqui “ews” para a palavra “até”. Há muitos trechos em que essa mesma palavra é utilizada e se observa que não implica necessariamente uma mudança posterior de estado. Entre estes, podemos mencionar:

“Mira que eu estou contigo; te guardarei por onde quer que vás e te farei voltar a esta terra. Não te abandonarei até cumprir o que te prometi.” (Gênesis 28,15)

Aqui, Deus promete a Jacó que não o abandonará até cumprir as promessas que lhe fez, mas não está dizendo que o abandonará depois de cumpri-las. Por que aqui o trecho não se limitou a dizer “Não te abandonarei”? Simplesmente porque queria-se enfatizar que Deus não abandonaria Jacó antes de cumprir suas promessas, mas não estava afirmando que o abandonaria depois. Da mesma forma, em Mateus 1,25, o evangelista não estava afirmando que José conheceu Maria após o nascimento de Jesus, mas estava enfatizando que Jesus nasceu sem a intervenção de José.

Outro exemplo claro pode ser visto no seguinte trecho:

“E eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mateus 28,20)

Isso significa que Jesus não estará conosco após o fim do mundo? Não, quem escreveu o texto não pretendia dizer isso, mas enfatizar que o Senhor não nos abandonará até o fim do mundo.

No próximo trecho, vemos como se afirma que a filha de Saul não teve filhos até o dia de sua morte:

“E Mical, filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte.” (2 Samuel 6,23)

Por que não se escreveu simplesmente “não teve filhos”? Será que Mical teve filhos depois de morta? Não, ela não teve filhos; o autor do texto apenas quis enfatizar que ela não teve filhos.

Outros exemplos:

“De Davi. Salmo. Oráculo de Yahveh ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos como estrado dos teus pés.” (Salmo 110,1)

“Pois Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu faça dos teus inimigos o escabelo de teus pés.” (Atos 2,34-35)

O que quer dizer “ews” nesse caso? Significa que Jesus já não está ou não estará mais sentado à direita do Pai depois que seus inimigos forem derrotados? Como ficaria o texto se interpretarmos “ews” com a mentalidade protestante? Diria que, após a queda dos inimigos do Messias, Ele deixará o lugar à direita do Pai.

Agora, vamos parar aqui com os exemplos para não sobrecarregar com citações, mas o leitor pode encontrar outros exemplos do uso da palavra “até” (ews) sem mudança posterior de estado em Gênesis 8,5 e 49,10; 1 Timóteo 4,13 e 6,14; Romanos 8,22; Filipenses 1,5.

Adicionalmente, não se pode ignorar toda a evidência bíblica que favorece o dogma da virgindade perpétua de Maria. Comecemos por notar a forma peculiar em que o anjo se refere a Maria ao falar com José:

“Depois que eles se retiraram, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; e fica lá até que eu te diga. Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.» Ele se levantou, tomou de noite o menino e sua mãe e se retirou para o Egito; e esteve lá até a morte de Herodes; para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Do Egito chamei o meu filho.” (Mateus 2,13-15)

Notemos aqui um pequeno detalhe. Para todos, sendo Maria a esposa de José, ela é considerada sua mulher, e, embora o seja legalmente e seja chamada assim, mesmo antes de viverem juntos (Mateus 1,20), aqui o anjo se refere a ela como a mãe do menino.

Para ver isso mais claramente, vejamos como o anjo se refere a Ló e sua mulher no Antigo Testamento em uma situação semelhante:

“Ao amanhecer, os anjos apressaram Ló, dizendo: «Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que estão aqui, para que não pereças na culpa da cidade.»” (Gênesis 19,15)

Quando os anjos falam com Ló, dizem: “Toma tua mulher e tuas filhas”, mas com José, o anjo diz: “Toma o menino e sua mãe, o que faz sentido se José se casa com Maria apenas para cuidar dela e do menino.

Agora, se José conheceu Maria depois do nascimento de Jesus, cabe perguntar: Quando? Um dia após a purificação? Um ano após o nascimento de Jesus? Dois? Três talvez? Vejamos:

No exílio da Sagrada Família no Egito, após a morte do rei Herodes, um anjo apareceu em sonho a José, ordenando-lhe que voltasse para Israel com Maria e o menino (Mateus 2,19-20). Agora, estima-se que o Messias nasceu no ano 747 da fundação do Império Romano, sete anos antes da nossa Era; e que o rei Herodes, o Grande, morreu na primavera do ano 750, ou seja, em 4 a.C. Portanto, não é estranho que, depois de passar de dois a quatro anos, tivesse sido tempo mais do que suficiente para que José e Maria tivessem decidido ter alguns dos “quatro irmãos” e outras “irmãs” do Senhor (Mateus 13,55)? No entanto, o texto bíblico é muito explícito ao mencionar que a família de Jesus consiste apenas de José e Maria.

Vejamos o que a Bíblia diz sobre a infância de Jesus, especificamente sobre a peregrinação a Jerusalém:

“Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele tinha doze anos, subiram eles, segundo o costume da festa, e, ao regressarem, passados os dias, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os seus pais o soubessem. Pensando que ele estava na caravana, fizeram um dia de caminho e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos; mas, não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os; todos os que o ouviam estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas.” (Lucas 2,41-47)

Nesta época, Jesus já tinha doze anos e não se mencionam outros filhos de José e Maria. Além disso, o fato de Maria participar da peregrinação a Jerusalém todos os anos é indicativo de que ela não tinha outros filhos, pois as mulheres, nesses casos, ficavam isentas da peregrinação e permaneciam dedicadas ao cuidado dos pequenos. É possível que Maria pudesse viajar todos os anos até que Jesus tivesse doze anos, se de fato tivesse tido quatro filhos homens, além das três filhas que alguns querem atribuir a ela? Quando, então, José “conheceu” Maria? Foi depois de Jesus ter doze anos?

Além disso, temos outra evidência de que José não teve outros filhos com Maria, pois, ao pé da cruz, lemos:

“Jesus, vendo a sua mãe e, junto a ela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: «Mulher, eis aí o teu filho.» Depois, disse ao discípulo: «Eis aí a tua mãe.» E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (João 19,26-27)

Jesus vê que sua mãe ficará sozinha e a confia aos cuidados de João, o discípulo amado. Se Jesus tivesse tido outros irmãos, não seria necessário (nem legal) que João assumisse essa responsabilidade. De fato, se Jesus tivesse irmãos, seriam eles, conforme a tradição judaica, os responsáveis pelo cuidado de sua mãe, e não um não-membro da família, ainda que fosse “o discípulo amado”.

Argumentos bíblicos adicionais

Maria menciona ao anjo de forma implícita a sua intenção de permanecer Virgem

Leiamos o relato da Anunciação no Evangelho de Lucas:

“No sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria. E entrando, disse-lhe: «Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo.» Ela perturbou-se com estas palavras e refletia no que significaria semelhante saudação.

O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus; conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus dar-lhe-á o trono de David, seu pai; ele reinará eternamente sobre a casa de Jacob, e o seu reinado não terá fim.»

Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti, e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra; por isso, aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus. E Isabel, tua parenta, concebeu também um filho na sua velhice, e já está no sexto mês aquela que era chamada estéril, porque a Deus nada é impossível.» Maria disse então: «Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se.” (Lucas 1,26-38)

Importante notar que:

1) Quando a Virgem diz “não conheço homem”, ela não se refere ao passado. Se fosse assim, teria usado o aoristo (não conheci homem), mas usa o presente absoluto (não conheço; no sentido de não ter a intenção de conhecer homem), o que é uma referência implícita ao voto de virgindade.

2) Seria ilógico que Maria respondesse dessa forma se não tivesse o propósito de permanecer Virgem, já que estando prometida a José e recebendo o anúncio de que conceberá (no futuro), o mais natural seria esperar que ela ficasse grávida. Apesar disso, Maria só entende que conceberá quando o anjo lhe explica que o Espírito Santo descerá sobre ela.

A Virgindade de Maria, o Sinal de que Jesus é o Messias

Um dos sinais que identificariam Jesus como o Messias é que sua mãe seria uma virgem que daria à luz:

“Pois bem, o Senhor mesmo vai dar-vos um sinal: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e chamá-lo-á Emmanuel.” (Isaías 7,14)

Se Maria tivesse tido vários filhos, ou seja, tivesse perdido a sua virgindade, que garantia teriam os judeus anos depois para acreditar que Jesus Cristo era o Messias, filho da virgem? Eles poderiam supor que a história de que ela havia concebido pelo Espírito Santo era falsa. Por isso, a importância do sinal. Se Maria teve um único filho, o sinal permaneceria de que ela era a virgem profetizada por Isaías. E se ela continuou intacta, sem ter relações com José, os judeus não poderiam negar que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, a menos que acreditassem que Jesus não era seu filho.

Lembremo-nos de que aqueles que acreditariam em Jesus examinariam as Escrituras para ver se realmente todas as profecias e sinais coincidiam:

“Esses eram de caráter mais nobre do que os de Tessalônica, e receberam a palavra com toda a avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.” (Atos 17,11)

Maria, a nova arca da aliança

“E abriu-se o Santuário de Deus no céu, e apareceu a arca da sua aliança no Santuário, e houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e uma forte tempestade de granizo. E apareceu um grande sinal no céu: uma Mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. Ela estava grávida e gritava com dores de parto, atormentada para dar à luz. E apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e sobre as cabeças sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu Filho quando nascesse. A Mulher deu à luz um Filho varão, que há de reger todas as nações com um cetro de ferro; e o seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.” (Apocalipse 11,19; 12,1-5)

A Mulher do capítulo 12 do Apocalipse não é outra senão a Virgem Maria, por várias razões:

Primeiro: porque é mencionada como a nova arca da aliança. Lembremos que na antiga arca estava a presença plena de Deus, e agora Maria é a nova arca porque teve em seu seio o próprio Verbo de Deus, e o poder da Trindade repousou sobre ela:

“O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso, o Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.” (Lucas 1,35)

Segundo: porque aparece com uma coroa de 12 estrelas, representando a sua realeza sobre as 12 tribos de Israel e sobre os 12 Apóstolos do Cordeiro. No reinado de Davi, de quem Cristo é o herdeiro, a rainha sempre era a mãe, que recebia o título de “Grande Dama” ou “Gebirá” e tinha um trono ao lado do rei (1 Reis 2,19).

Terceiro: porque a Mulher é aquela que dá à luz a quem há de reger as nações com um cetro de ferro, que não pode ser outro senão Jesus Cristo.

Assim como a antiga arca da aliança era sacratíssima, pois Deus habitava nela, o mesmo acontece com Maria, que carregou o Verbo encarnado em seu ventre. A arca da aliança era tão sagrada que, ao tocá-la, um homem morreu instantaneamente. Por que pensar que Maria foi tocada por algum homem, se dentro dela residiu a plenitude da divindade?

“Carregaram a arca de Deus em um carro novo e a levaram da casa de Abinadab, que estava na colina. Uzá e Aiô, filhos de Abinadab, conduziam o carro com a arca de Deus. Uzá caminhava ao lado da arca de Deus, e Aiô ia à frente dela. Davi e toda a casa de Israel dançavam diante de Yahveh com todas as suas forças, cantando com cítaras, harpas, tamborins, sistros e címbalos. Ao chegarem à eira de Nacón, Uzá estendeu a mão para a arca de Deus e segurou-a, pois os bois ameaçavam virá-la. Então a ira de Yahveh acendeu-se contra Uzá: ali mesmo Deus o feriu por seu atrevimento, e ele morreu ali junto à arca de Deus.” (2 Samuel 6,3-7)

Tudo o que tocava a Deus era sacratíssimo, e o mesmo aconteceu com uma porta pela qual Deus ordenou que não passasse mais homem algum, porque Ele havia passado por ela:

“Depois disso, levou-me ao pórtico exterior do santuário, que dava para o oriente. Estava fechado. E Yahveh me disse: Este pórtico permanecerá fechado. Não se abrirá, e ninguém passará por ele, porque por ele passou Yahveh, o Deus de Israel. Portanto, ficará fechado.” (Ezequiel 44,1-2)

Se Deus fechou uma simples porta porque sua grandeza e magnificência haviam passado por ela, por que é tão difícil entender que Maria, tendo sido consagrada à missão mais sublime da história, também não seria consagrada a Deus? Se os judeus temiam até mesmo ver a arca da aliança para não morrer, atrever-se-ia José a tocar em Maria, sabendo que nela esteve o Deus vivo?

Se as donzelas que estavam ao serviço do templo eram consagradas em virgindade perpétua em virtude de sua missão, não seria a missão da Santíssima Virgem Maria ainda maior e mais sagrada?

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