A Igreja Católica é a Grande Meretriz da Babilónia?

Muitas vezes, ouvi de protestantes fundamentalistas a afirmação de que a Igreja é “A Grande Meretriz da Babilónia” mencionada na Bíblia, no capítulo 17 do Apocalipse. “A Bíblia diz isso muito claro”, comentam-me. Neste capítulo, quis fazer um breve resumo das razões que apresentam para justificar a sua interpretação e as respostas que têm dado os apologistas católicos.

De onde surgiram estas interpretações?

Ao longo da história, esta interpretação foi adotada por diferentes grupos heréticos, entre os quais estão os albigenses (hereges gnósticos de tendências maniqueístas) e, posteriormente, os reformadores protestantes (Lutero, Calvino, Tyndale, Knox, etc.). Com esses antecedentes, não é de estranhar que tenha sido adotada por numerosos grupos fundamentalistas nos dias de hoje.

Quem são os expoentes dessa interpretação na atualidade?

Devido ao grande número, é impossível mencioná-los todos, mas pode-se dizer que entre os autores mais lidos estão:

  • A Woman Rides the Beast, de Dave Hunt
  • The Two Babylons, de Alexander Hislop (As Duas Babilônias)
  • Babilonia Misterio Religioso, de Ralph Woodrow (Babilônia: Mistério Religioso)

De todos estes, Ralph Woodrow retratou-se do que escreveu no seu livro e, embora continue a ser protestante, publicou um segundo livro refutando os seus argumentos anteriores. Apesar disso, muitas livrarias protestantes continuam a vender o seu primeiro livro sem disponibilizarem o segundo.

Argumentos baseados em raciocínios falaciosos

Para compreender a falha raiz desses argumentos, é necessário conhecer um pouco das falácias a que recorrem para estabelecer os seus silogismos. Para ilustrar isto, vou citar um exemplo apresentado por Greg Oatis no seu artigo “El Paganismo de la Iglesia Católica”.

“Os ‘arcos dourados’ são conhecidos em todo o mundo como o símbolo identificativo do McDonald’s. No entanto, devemos salientar que o arco era usado habitualmente pelos antigos babilónios nas suas portas e palácios. De facto, em pinturas realizadas pelos babilónios, vemos que os seus reis são representados em molduras com forma de arco! Também sabemos que Nabucodonosor, rei babilónico, ordenou aos seus súbditos que adorassem uma imagem de ouro (Daniel 3,5-10). E Babilónia era conhecida no mundo antigo como ‘a cidade dourada’. Finalmente, note-se que a primeira letra de McDonald’s, o M, é a décima terceira letra do alfabeto (inglês), um número reconhecido como possuidor de um poder místico e que traz má sorte. Pode isto ser uma simples coincidência? Ainda, a que mais aponta o M além de McDonald’s? Claramente a Moloc, o deus pagão do fogo adorado na Babilónia. E o que se usa para aquecer a comida num McDonald’s moderno? Eletricidade, que muitos associariam a uma forma controlada de fogo! Portanto, quem pode duvidar que a cadeia de restaurantes McDonald’s, conhecida pelos seus arcos dourados, é, na verdade, um culto mistérico relacionado ao deus do fogo adorado pela antiga realeza babilónica?”

Se usasse os raciocínios anteriores para provar que o McDonald’s é um culto secreto “pagão” que rende culto ao deus Moloc, certamente acabaria soltando uma gargalhada. O curioso é que, em essência, as mesmas falácias utilizadas nesse exemplo são as que os fundamentalistas usam para provar seus argumentos (analogia, non sequitur, etc.).

Ralph Woodrow, em sua retratação, escreve:

“Junte bastantes tribos, bastantes contos, bastante tempo, salte de uma época para outra, de um país para outro, selecione e escolha semelhanças – e assim qualquer coisa pode ser ‘provada’!”

Assim, não é difícil procurar em alguma cultura antiga uma deusa pagã com um bebê nos braços, encontrar uma imagem da Virgem Maria carregando Jesus, e depois apresentá-lo como “prova” de que a veneração a Maria provém, na verdade, de um culto antigo a uma deusa pagã. O mesmo pode ser feito hoje com quase qualquer crença, prática, cultura, inventando-se um paralelo com base em semelhanças casuais e assumindo procedência sem o menor rigor histórico. E não faltarão aqueles que acreditam que se trata de uma investigação séria e documentada, e até enviam cartas de felicitação… e se não acredita, pergunte a Dan Brown, que fez milhões dessa forma.

Cabe destacar que com essa forma de tirar conclusões, até mesmo a própria Escritura pode ser paganizada. A seguir, mostramos alguns exemplos disso:

Exemplo 1:

Segundo alguns estudiosos e eruditos, Moisés nunca existiu, mas seria a réplica de uma lenda da história do governante dos sumérios Sargão de Acádia (2334-2279 a.C.), que foi colocado numa cesta de juncos e abandonado nas águas do Eufrates até ser resgatado por um aguadeiro que o adotou e criou. Atualmente, em um estudo realizado sobre as línguas originais de ambas as histórias, descobriu-se que na história de Moisés há palavras que não poderiam ter vindo da lenda babilónica, mas, mesmo assim, muitos acreditam que a história de Moisés é um “reaproveitamento babilónico”.

Exemplo 2:

Alguns historiadores consideram que a narrativa bíblica do dilúvio é um plágio de uma lenda suméria muito mais antiga, conhecida como o «Ciclo de Ziusudra». Nessa lenda, os deuses decidem destruir a humanidade devido às muitas culpas cometidas por esta. No entanto, o deus Enki avisa sobre isso ao rei Ziusudra de Shuruppak e ordena-lhe que construa uma embarcação para que possa salvar-se com a sua família, juntamente com animais e plantas de todas as espécies.

O dilúvio ocorreu, segundo conta a lenda, e após sete dias e sete noites, cessou, e Ziusudra pôde sair da barca.

Exemplo 3:

O mesmo pode ser dito da história de Esaú e Jacó, visto que existe uma história semelhante onde Acrísio (filho de Abante, rei de Argos, e de Aglaye, pai de Dânae) e seu irmão gémeo Preto lutavam entre si ainda no ventre de sua mãe. Já adultos, disputaram o trono e, tendo vencido Acrísio, Preto foi expulso do reino, mas voltou com um exército e obrigou o irmão a dividir a Argólida: Argos e seus arredores ficaram para Acrísio, enquanto Preto ficou com Tirinto, Midea e a zona costeira. Casou-se com Eurídice, filha de Lacedemónio, e teve uma filha, Dânae. Ao saber por um oráculo que o filho de Dânae causaria a sua morte e sendo que as precauções tomadas para impedir a maternidade da jovem foram infrutíferas, já que esta foi fecundada por Zeus, lançou-a ao mar numa arca junto com o recém-nascido Perseu, mas ambos se salvaram. Anos depois, Perseu quis ver o avô, que, ao saber disso, fugiu para Lárisa, uma cidade da Tessália bem distante de Argos; no entanto, o rei de Lárisa, Teutamides, organizou naquela época uns jogos aos quais Perseu assistiu. Acrísio estava ali como espectador, e o disco lançado por seu neto, desviado fatalmente pelo vento, atingiu-o na cabeça e feriu-o de morte, cumprindo assim o oráculo. A fábula de Preto e Acrísio corresponde ao tema mitológico dos gémeos rivais, e no detalhe da disputa dentro do ventre materno coincide com a história de Esaú e Jacó, referida no Génesis.

Seguindo essa linha de pensamento, por que não dizer então que a crença na ressurreição de Cristo surgiu do paganismo, que ensinava que Osíris e Dioniso, deuses da fertilidade, morriam e ressuscitavam? Por que não dizer que o título Rei dos Reis, que damos a Jesus Cristo, provém também do paganismo, já que Nabucodonosor é chamado Rei dos Reis em Daniel 2,37? Por que não dizer que o batismo também tem origem pagã? Afinal, o batismo foi inicialmente um rito religioso pagão praticado entre os povos da antiguidade e era comum em muitas religiões antigas, como nos ritos de Elêusis ou no hinduísmo e budismo. Os romanos do tempo de Cristo interessaram-se pelas religiões místicas do Egito e Babilônia, nas quais, em algumas delas, o batismo era praticado como ritual. Por exemplo, nos ritos de iniciação do culto de Ísis, o iniciado confessava os seus pecados diante de outros devotos e depois era batizado na crença de que o banho ritual o purificava das suas faltas e o colocava nas fileiras da deusa salvadora.

Quais são, em resumo, as razões que essas obras apresentam para acusar a Igreja Católica de ser a ramera?

Por motivo de espaço, tratarei apenas de um resumo dos principais argumentos que essas obras apresentam.

A Ramera é descrita como uma grande cidade ou um império poderoso. Uma grande cidade que se assenta sobre sete colinas:

E a mulher que viste é a Grande Cidade, aquela que tem soberania sobre os reis da terra.” (Apocalipse 17,18)

Aqui, assume-se que se refere a Roma, mais especificamente à Igreja Católica Romana.

“Aqui é onde se requer inteligência, ter sabedoria. As sete cabeças são sete colinas sobre as quais se assenta a mulher. «São também sete reis.” (Apocalipse 17,9)

Neste ponto, argumentam que Roma está assentada sobre sete colinas (Quirinal, Viminal, Capitolino, Esquilino, Palatino, Célio, Aventino), da mesma forma que a Ramera. (Recentemente, um protestante comentou comigo que “era demasiada coincidência” que ambas estivessem sobre sete colinas).

Mas se os textos bíblicos se referem à Ramera como uma cidade, e não como uma igreja, o argumento começa a perder força. Neste ponto, um fundamentalista poderá dizer: “O Vaticano é uma cidade!”. Bem, sem discutir, por ora, a diferença entre uma cidade e uma instituição com sede em uma cidade, o certo é que o Vaticano não se assenta sobre sete colinas (ao contrário da antiga Roma pagã), pois está localizado a oeste do Tibre, enquanto as sete colinas da antiga Roma situavam-se a leste. Portanto, se o argumento é que a Igreja Católica é a Ramera porque o Vaticano é uma cidade assentada sobre sete colinas, este argumento também falha.

Adicionalmente, é importante notar que não somente a antiga cidade de Roma estava assentada sobre sete colinas, mas também Jerusalém, cujas colinas eram Escopo, Nob, o Monte da Destruição, o Monte Sião, a colina situada a sudoeste também chamada deste monte Sião, Monte Ofel e a Rocha. Seria então mais coerente supor que os textos bíblicos se referem ou à Roma pagã ou a Jerusalém, considerando que eram grandes cidades situadas sobre sete colinas. (E isso tudo assumindo que o termo montanhas deve ser interpretado literalmente).

Derrama o sangue dos Santos e Profetas

“…e nela foi encontrado o sangue dos Profetas e dos santos e de todos os degolados da terra.” (Apocalipse 18,24)

“E vi que a mulher se embriagava com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus. E fiquei extremamente admirado ao vê-la.” (Apocalipse 17,6)

Mas, se a Ramera se embriagava com o sangue dos mártires e Profetas, isso apresenta outro problema para as teses protestantes, pois é o próprio Cristo quem identifica a cidade de Jerusalém como aquela que mata os Profetas.

Jerusalém, Jerusalém! que matas os Profetas e apedrejas os que te são enviados. Quantas vezes quis reunir os teus filhos, como uma galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das asas, e não quiseste!” (Lucas 13,34)

Cristo também disse que não convinha que um profeta morresse fora de Jerusalém.

“Mas é necessário que hoje, amanhã e depois de amanhã eu siga o meu caminho, pois não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém.” (Lucas 13,33)

É o próprio livro do Apocalipse que menciona claramente que a Grande Cidade (a Ramera) é aquela onde Jesus foi crucificado (Jerusalém):

“E seus cadáveres, na praça da Grande Cidade, que simbolicamente se chama Sodoma ou Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.” (Apocalipse 11,8)

No entanto, preferem ignorar qualquer exegese bíblica séria e basear-se em seus preconceitos, considerando “Santos e Profetas” aqueles que sofreram perseguição religiosa durante a Inquisição. É curioso, contudo, que eles próprios não se identifiquem com esses supostos santos, pois nenhuma comunidade eclesial protestante se identifica hoje com suas doutrinas. De fato, os próprios países protestantes não hesitariam em julgá-los em suas próprias inquisições, como muitas vezes fizeram, como foi o caso de Servet, queimado na fogueira pelos calvinistas, ou dos anabatistas e arminianos, perseguidos por luteranos e calvinistas. Será que consideram os albigenses, unitários, sabelianos ou nestorianos como santos?

O fato de alguém sofrer perseguição religiosa, independentemente das ideias que professe, não o torna santo, muito menos profeta. Hoje poderíamos tornar-nos hereges até a medula dos ossos, ser perseguidos pela nossa fé e condenados à morte, mas isso não nos tornaria nem ortodoxos, nem santos, nem profetas. E aqueles que pensam assim devem lembrar que a mesma perseguição foi sofrida pelos católicos em países protestantes, e nem por isso consideram-se a si mesmos como a “ramera”.

Comete abominações e fornica com os reis da terra

Com ela fornicaram os reis da terra, e os habitantes da terra embriagaram-se com o vinho da sua prostituição.” (Apocalipse 17,2)

Apontam como exemplo o fato de que o Vaticano, ao longo da história, manteve relações com diversas potências mundiais, o que, na verdade, não tem nada de errado. Os presidentes dos países desenvolvidos hoje em dia costumam pedir conselho não somente à Igreja Católica, mas também a líderes protestantes de destaque, e nem por isso estão “fornicando com eles”. O texto do Apocalipse não se refere a isso, mas às abominações que a Jerusalém apóstata continuamente cometia com os povos pagãos.

“Filho do homem, faze saber a Jerusalém as suas abominações.” (Ezequiel 16,2)

“Assim diz o Senhor Yahveh: Por teres esbanjado o teu bronze e descoberto a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes e com todas as tuas abomináveis imundícies, e pelo sangue dos teus filhos que lhes entregaste, eis que vou reunir todos os amantes a quem agradaste, todos os que amaste e também aqueles que aborreceste; vou congregá-los de todos os lados contra ti e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua vergonha.” (Ezequiel 16,36-37)

“…vou entregar-te nas mãos deles; arrasarão o teu prostíbulo e demolirão os teus lugares altos, despojar-te-ão das tuas vestes, arrancarão as tuas joias e deixar-te-ão completamente nua.” (Ezequiel 16,39)

“…construíste um prostíbulo para ti, fizeste um altar em cada praça.” (Ezequiel 16,24)

“Prostituíste-te aos egípcios…” (Ezequiel 16,26)

“Depois, multiplicaste as tuas prostituições na terra dos mercadores, na Caldeia…” (Ezequiel 16,29)

“Oh, quão fraco era o teu coração – oráculo do Senhor Yahveh – para cometer todas essas ações, próprias de uma prostituta descarada!” (Ezequiel 16,30)

“Pois bem, prostituta, ouve a palavra de Yahveh. Assim diz o Senhor Yahveh: Por teres esbanjado o teu bronze e descoberto a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes e com todas as tuas abomináveis imundícies, e pelo sangue dos teus filhos que lhes entregaste, eis que vou reunir todos os amantes a quem agradaste, todos os que amaste e também aqueles que aborreceste; vou congregá-los de todos os lados contra ti e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua vergonha. Vou aplicar-te o castigo das mulheres adúlteras e das que derramam sangue: entregar-te-ei ao furor e aos ciúmes, e entregar-te-ei nas mãos deles; arrasarão o teu prostíbulo e demolirão os teus lugares altos, despojar-te-ão das tuas vestes, arrancarão as tuas joias e deixar-te-ão completamente nua.” (Ezequiel 16,35)

É o próprio Deus quem reclama e identifica Jerusalém como aquela que se prostituiu com os reis da terra e cometeu abominações.

Ela está vestida de púrpura e escarlate

“Ai, ai, a Grande Cidade, vestida de linho, púrpura e escarlate, resplandecente de ouro, pedras preciosas e pérolas.” (Apocalipse 18,16)

Neste ponto, muitas vezes se veem fotografias escolhidas de sacerdotes e bispos com vestimentas em púrpura e escarlate. No entanto, a verdade é que os sacerdotes não usam apenas “púrpura e escarlate”; conforme o ciclo litúrgico, as cores das suas vestimentas mudam. Uma breve descrição do significado destes diferentes tons:

Cores na liturgia da Igreja

– O VERDE: Simboliza a esperança. Para os povos antigos, o verde representava a primavera, a vegetação, o renascimento e a esperança de uma colheita abundante. A palavra “verde” provém do latim “viride”, que significa “fresco”, “vigoroso” ou “florescente”. Este é o tom utilizado na liturgia durante o “tempo comum”, os dias em que não se celebra nenhuma festa especial.

– O BRANCO: Simboliza a pureza e a alegria. O branco é usado no tempo de Natal e na Páscoa, assim como nas festas da Ascensão de Jesus ao Céu e da Epifania, em resumo, nos eventos que não remetem à paixão e morte de Cristo. Também se usa nas celebrações da Virgem Maria, dos anjos e dos santos que não foram martirizados. A palavra “branco” parece derivar do antigo alemão “blank”.

– O VIOLETA ou PÚRPURA: Simbolizam a penitência e o luto. Usam-se durante a Semana Santa, nos domingos da Quaresma e nos quatro domingos do Advento. O violeta era a cor preferida para as túnicas dos antigos reis. A palavra “púrpura” provém do grego “porphyra”, que designa um tipo de molusco do qual se obtinha um corante dessa cor. A palavra “violeta” provém do latim “viola”, o nome de uma planta púrpura-azulada.

– O VERMELHO: Simboliza o fogo, o sangue e a realeza. Este tom é visto durante as celebrações da Paixão, incluindo a Sexta-feira Santa, e nos dias que comemoram os mártires, os Apóstolos e os evangelistas. Sendo a cor do fogo, é a escolha natural para Pentecostes, simbolizando a descida flamejante do Espírito Santo. A palavra “vermelho” provém do latim, especificamente da palavra “russus”.

É também curioso que, sendo o Apocalipse um livro simbólico, se tenha interpretado de forma literal as cores da prostituta, quando as cores possuem um sentido simbólico. Os justos aparecem vestidos de branco (pureza e santidade), em contraste com as cores da prostituta (vermelho por derramar o sangue dos santos, púrpura por fornicar com os reis da terra).

Essa interpretação literal é falha, pois a cor predominante do clero católico é o branco, e porque o próprio Deus ordenou que as vestes dos sacerdotes levitas fossem feitas em púrpura e escarlate.

“Farão as seguintes vestes: um peitoral, um éfode, um manto, uma túnica bordada, uma tiara e um cinto. Farão, portanto, para o teu irmão Aarão e para os seus filhos vestes sagradas, para que exerçam o meu sacerdócio.

Para isso, tomarão ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino. Bordarão o éfode com ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino torcido. Serão colocadas duas ombreiras e será fixado por ambas as extremidades. A cinta que cingirá o éfode será da mesma feitura e formará com ele uma só peça: de ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino torcido.” (Êxodo 28,4-8)

“Bordarás também o peitoral do juízo; farás ao estilo do trabalho do éfode. Farás de ouro, púrpura violeta e escarlate, de carmesim e linho fino torcido.” (Êxodo 28,15)

“Em toda a borda inferior, farás romãs de púrpura violeta e escarlate, de carmesim e linho fino torcido; e entre elas, ao redor, colocarás campainhas de ouro.” (Êxodo 28,33)

“Também bordaram o peitoral, ao estilo do trabalho do éfode, de ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino torcido.” (Êxodo 39,9)

Conclusão

Muito mais poderia ser acrescentado sobre este tema, mas, basicamente, o argumento fundamentalista sempre se apoia neste “modus operandi”. Trata-se de uma forma arbitrária de justificar algo que se deseja previamente acreditar e que, portanto, não exige ser seriamente comprovado.

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